Aplausos explodiram nas ruas de Paris na noite de domingo, depois que os resultados previram que o partido de esquerda Nova Frente Popular (NFP) derrotaria o partido de extrema-direita Reunião Nacional (RN) nas eleições parlamentares antecipadas da França.
Mais tarde, uma grande multidão reuniu-se na Place de la République, na capital, para celebrar a conquista de mais assentos no parlamento pela coligação de esquerda, entoando o popular slogan de esquerda “Os jovens estão a lixar a Frente Nacional”.
O NFP é uma fusão de vários partidos, desde o partido de extrema esquerda France Unbot até aos socialistas e ecologistas mais moderados.
A coligação conquistou 182 assentos na Assembleia Nacional, tornando-se o maior grupo, mas ficou aquém dos 289 assentos necessários para uma maioria absoluta, disse o Ministério do Interior francês.
Falando a uma multidão de apoiantes extasiados perto da Praça Estalinegrado, Jean-Luc Mélenchon, o líder incendiário da Anbo francesa, disse que os resultados foram “um grande alívio para a maioria das pessoas no nosso país”.
“Nosso povo rejeitou claramente o pior cenário”, disse Mélenchon. “Uma incrível onda de mobilização cívica foi detectada!”
Na noite de domingo, a polícia liberou a Place de la République e disparou gás lacrimogêneo contra uma multidão, principalmente jovens.
Mas os manifestantes estavam otimistas e as fotos mostravam pessoas por toda a cidade aplaudindo e comemorando.
O clima era muito pior para os apoiadores do partido de extrema direita RN.
A atmosfera moderada no evento de campanha do RN no parque Bois de Vincennes, em Paris, despencou uma hora antes do fechamento das urnas, quando ficou claro que a coalizão de extrema direita ficaria em terceiro lugar nas pesquisas.
Depois que a previsão for anunciada, Jordan BartellaO líder do RN, de 28 anos, disse que a França mergulhou na “incerteza e instabilidade”.
Apesar de liderar após o primeiro turno de votação, o partido de extrema direita Reunião Nacional (RN) de Marine Le Pen e seus aliados conquistaram 143 assentos.
Sem nenhum partido obter a maioria, o Parlamento provavelmente ficará num impasse e dividido em três círculos eleitorais.
O forte desempenho do RN na primeira volta alimentou receios de que a França pudesse estar prestes a eleger o seu primeiro governo de extrema-direita desde o regime colaboracionista de Vichy, na Segunda Guerra Mundial.
Mas os resultados de domingo foram uma grande surpresa e mostram o desejo esmagador dos eleitores franceses de impedir que a extrema-direita tome o poder – mesmo ao custo de um parlamento suspenso.
O bloco centrista do presidente Emmanuel Macron, que caiu para um triste terceiro lugar no primeiro turno de votação do último domingo, apresentou uma forte recuperação para conquistar 163 assentos.
O apoiador de Macron, Gabriel Atal, anunciou sua renúncia ao cargo de primeiro-ministro na manhã de segunda-feira. Ele pareceu criticar a decisão de Macron de convocar um referendo imediato, dizendo que “não escolheu” dissolver o parlamento francês.
Após as eleições parlamentares, o presidente francês nomeia um primeiro-ministro do partido com mais assentos. Normalmente, significa um candidato do próprio partido do presidente. No entanto, os resultados de domingo deixam Macron perante a possibilidade de nomear um homem da coligação de esquerda, num raro acordo conhecido como “colaboração”.
Falando aos apoiantes perto da Praça Estalinegrado, Mélenchon disse que “Macron tem o dever de apelar a uma nova Frente Popular para governar”.